domingo, 30 de agosto de 2015

Imagine.

Todos os amores estavam impregnados naquela velha camiseta preta com a cara do Jim Morrison. Aquela que me acompanhava quase sempre. Meu uniforme de guerra. A incrível coincidência de, sempre que usada, ter o poder de encontrar alguém legal até mesmo nas festinhas dos amigos de uns amigos meus.

Alguém como a Ana, que sempre foi incrível e que eu conheci no aniversário de noventa anos da senhorinha que mora no 508. Alguém como a Marisa, que me abraçou sorridente depois de ter chorado a tarde inteira depois de ter assistido Marley e Eu. Alguém como a Rebeca, que tinha a mania de usar minhas roupas como travesseiro. Alguém como tantos alguéns. Bom, aquela camiseta hoje não me serve mais.

Não que eu esteja ficando mais gordo, mais magro ou tenha crescido alguns centímetros. Nada disso. Apesar da cara desbotada do Jim ainda me fazer um bem imenso, todos aqueles cheiros ficaram pra trás quando eu conheci você enquanto usava a camiseta dos Beatles. E agora eu não quero conhecer mais ninguém que não seja tão legal quanto os óculos do John e tão imprevisível como o bate papo da uol.

Talvez essa camisa fique ainda guardada por muito tempo. Talvez ela nem vá conhecer de verdade os seus abraços. Mas nenhuma outra faz tocar Yellow Submarine dentro do meio peito como esta quando vejo você on line. Nenhuma outra faz tanto sentido quando você, do nada, diz oi. E aí, baby, here comes the sun.

Você, mesmo de longe, se transformou no meu transtorno mais rock n' roll. Naquilo que eu jamais me imaginaria vestido mas que, de alguma forma, cai tão bem em mim. Como se quatro caras geniais nunca tivessem atravessado a Abbey Road. Como se Paul morasse na Nicarágua e o Ringo no Japão. Uma dia desses a gente se encontra. Ou não. Mas saiba que, dessa vez, essa camiseta só serve pra nós.



terça-feira, 25 de agosto de 2015

Sobre casamentos, distâncias e um sujeito piadista.

Antes que tudo que eu diga e escreva e mentalize possa parecer uma mentira, preciso falar que é desleal gostar de você, saiba disso. Nem Vinícius de Morais seria páreo para aquele cara que também adora os seus olhinhos castanhos e que, apesar de não recitar nem batatinha quando nasce, te encontra todo dia e te convida para um chope. Pra quem mora longe, a dúvida é a estética do amor e seria bonito se não fosse piegas afirmar que o passatempo de quem ama é pintar o ser amado com as tintas da saudade. Mas isso é chato pra caralho e não faz você gostar de mim do mesmo jeito que eu gosto de você. Eu tenho uma pilha de páginas com seu nome escrito. Ele conta piadas e ninguém ri. Bom, mas ele esbarra com você tipo... sempre.

Por isso, um dia desses eu disse vai para tudo de você que ainda havia em mim. E disse com tanta força, e repeti tantas vezes, que a única coisa que eu realmente poderia esperar é que você não fosse, que não desabitasse das minhas lembranças, que não tirasse toda essa mobília que eu aprendi a esbarrar toda noite. Disse vai pra ter a certeza de que você não iria. Disse vai em alto e bom som pra sentir na garganta arranhada - e não no peito que bate, não na memória que pulsa - que você vai ficar.

O lance é que eu queria estar aí ou que, de repente, você estivesse aqui pra me dizer pessoalmente que a festa foi demais mas a noite sempre acaba e que todo carnaval tem seu fim, que sonha em achar o cara especial que vai te pedir em casamento e talz. Pra eu confidenciar no pé do seu ouvido que eu não tenho pensado em outra coisa além de você entrando pela igreja vestida de noiva. Mas é foda. Não dá pra fazer isso pelo facebook. E parece que nesse conto de fadas o piadista sem graça terá mais sorte que o poeta apaixonado.

De qualquer forma, não fique aí pensando que eu sou um egoísta. Jamais. A sua felicidade será sempre a minha felicidade. Não tenho ciúmes, apenas torço para que o cara que tiver a honra de uma valsa nupcial com a mulher da minha vida sinta pelo menos a metade do amor e respeito que tenho. Já que ele terá pra sempre a alegria de acordar todo dia ao seu lado, que tenha o compromisso de se levantar primeiro e te trazer o café na cama.

Enquanto isso eu vou gostando de você a distância, com um poema em cada mão, a cada dia mais admirado. A cada dia mais pirado. Me desmoronando à simples possibilidade de um oi. Perdido dentro desse caos construtivo que é amar você sem perturbar seu sono.