segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Conexões II




"E um dia os homens descobrirão que esses discos voadores estavam apenas pesquisando a vida dos insetos."
Mário Quintana

Um fora sutil. A melhor maneira de começar esta história é dizer que ela está acabada – apesar destas linhas tortas eu não tenho vocação pra correr atrás. O amor é amor e ponto, não existem diferenças do que acontece aqui para o que acontece em Nice. E eu gosto de você. Mesmo. Quando me deparo com estes seus olhinhos negros eu tenho realmente a impressão do pra sempre. Este pra sempre que dói pra caralho quando estou sem créditos pra te ligar. Este mesmo pra sempre que eu espero que um dia passe.

Você que já está na minha vida há tantas vidas, como não pode perceber que o cartão era muito mais importante que as flores? Em que planeta segurar a mão de alguém quando esta estiver triste é apenas um sinal amiguinhos-que-vão-se-twitar-pra sempre? Olha na minha na cara e me diz o que você vê, só pra eu ter a certeza de que quem não está confundindo é você. A priori, eu não preciso disto, mesmo sabendo que o que mais me atrai em você sou eu do seu lado necessitando cada dia mais de você.

Bem provável que você nunca mais vá me ver. Também estou mudando de planos, de rumo e de cidade. Se acaso nos encontrarmos algum dia numa dessas esquinas que dão para aquilo que você quer esquecer, eu vou te dar bom dia e perguntar da sua vida, e você talvez até quem sabe fará o mesmo, me abraçando sem querer.  Alguém dirá que está atrasado e vai virando as costas, sumindo outra vez entre os carros, homens e semáforos. Este é o roteiro pro futuro disso que ingenuamente chamei de amor  e, com todo esse carinho-amigo que você diz sentir por mim, siga a risca.

Já não somos quem eu planejei e não caminharemos lado a lado nesta calçada por muito tempo, tenho coisas pra arrumar – livros, discos, amigos e, por que não, um outro alguém divertidíssmo como você, com o sorriso tão lindo quanto o seu e com essa sensibilidade quase que angelical que eu tanto admiro quando vai se vestir. Eu gosto de você. Mesmo. Mas acabou, tem que acabar. Não levemos mais adiante o que tá na cara que não vai dar em nada. Nossas retinas escancaradamente unidas hoje só me provam que eu fui um idiota em acreditar no óbvio, no que estava na cara e que por isso acabei por precipitar as coisas. Tudo volta a ser como era antes. Sério, por mim tudo bem. Eu que já estive por noites inteiras acordado pensando num filme de nós dois, sou agora Lars Von Trier me animando com o sucesso da melancolia.


Minha solenidade com a perda de um amor que eu jurava e queria e desejava que um dia fosse assistir televisão com a face enrugada e a sensação de dever cumprido ao meu lado não é de hoje. Tenho aprendido com o tempo o que Vinícius sacou com o vento “... que seja eterno enquanto dure.” E também levo coisas incríveis de você comigo. A sua risada tímida, por exemplo. Isso vai ficar em mim como ficarão os passarinhos que gorjeiam agora, naquela que já foi a nossa janela pra vida. Eu gosto de você. Mesmo.    

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