quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Foi-se.



Duas da manhã e o telefone toca. A gente precisa conversar. Pô, tem que ser agora mesmo? Claro que sim, por quê, pra você não dá? Você não entende mesmo essas coisas. Tudo bem, vai, fala. Mas fala baixo que eu ainda não acordei direito. Sabe, pra mim não dá mais. Não dá o quê, meu amor? Ah, sei lá, acho que a gente se precipitou, tá acontecendo rápido demais, isso tá me sufocando... Tá, entendi. Você andou bebendo? Aí, tá vendo como você é, te ligo pra me abrir e você fica com essas bobagens, a Claudinha é que estava certa, você é um escroto mesmo. Precipitação, rapidez, Claudinha, escroto, beleza, vai falando aí que tô ouvindo, vou só beber água. Não. Pra mim já deu. Vou desligar. Não dá pra ter uma conversa adulta com você.

A gente se conheceu numa festa lá em casa, trocamos umas ideias, tomamos um vinho, deixamos o vinho nos tomar e bam! Lá estávamos nós, transando bêbados dentro do carro, o vidro embaçando, a chuva caindo e a gente se perdendo. Era pra dar tudo certo se nós não fossemos tão errados. Ela tinha muitos segredos que não cabiam nas minhas metáforas. Eu tinha muitos desejos que não respeitavam suas cláusulas. Aí dá nessa. Duas da manhã o telefone toca.

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