quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Sobre vocês dois.



Aquela velha cara de bobo volta a lhe esculpir o rosto. Não há mais como negar e seus atos já não obedecem a razão que, desde menino, era sua mais irrevogável característica. Já se apaixonou por outras, é fato. Mas a feição de cachorro sem dono desta vez tinha mais sentido do que nunca. Puta que o pariu, que se foda essa porra de sentimento escroto. Não queria se apaixonar. Já não podia se apaixonar. De repente, como num legítimo, porém não menos paradoxal gavião, que voa o mais alto possível mas se deixa cair livre e loucamente na captura de sua presa, ele se jogou. Dane-se, não haviam chances de conviver com o que sentia sem a presença dela por perto. E foi então que a cegueira lhe tomou os olhos, a timidez invadiu a boca, a loucura os ouvidos e sua face se transformou na alegoria de uma paixonite dos quinze anos de idade.
Certo dia, ele olhou com mais calma no espelho e viu que não era tão ruim assim. As sobrancelhas estavam arqueadas e lhe conferiam um ar misterioso. O blasé que sua egotrip demostrava, agora era risada alta na madrugada. Com os tímpanos mais aguçados dá-se pra ouvir melhor as incertezas que ele tanto se amarra. E o olfato? Que coisa boa sentir a leveza das coisas leves, o cheiro da insegurança se transformando em delicadeza. Como num passo de mágica, ele passou a se encarar bem melhor. Foi aí que ele vestiu o seu melhor sorriso e saiu pra levá-la ao trabalho.
Se você estiver aí, isso mesmo, você que ele tanto ama, estiver lendo esse apelo de um amigo que não aguenta mais esse lenga lenga, por favor dê sinal de vida. Escreva que é recíproco ou o mande pra casa do caralho no seu mural do Facebook. Mas faça alguma coisa, eu já não aguento mais.


Um comentário:

  1. Realmente!!! Paradoxais esses gaviões! Só você para atribuir-lhes tal adjetivo...demais!!!

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