terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Arte da conquista.



Eu sou um cara comum, disse ele. Um cara que faz tudo o que as pessoas normais fazem. Ou não. Acordo pela manhã ainda cansado e vou trabalhar. Volto pra almoçar correndo e novamente saio. Sou um cara que é fã da noite, que bebe, que sonha. Um cara que quando dá, lê Veríssimo, Caio Fernando Abreu, Martha Medeiros, Gabito Nunes e todo esse pessoal que ficou famoso com o Facebook. Ah, não posso esquecer - continuou com cara de apressado - amo e de vez em quando sou amado. Já vi meu nome várias vezes rabiscado em diários e rabisquei tantos outros no meu. Enfim, torço pro Botafogo, sou de Touro e escrevo poesia. Nada mais comum pr'um cara de vinte poucos anos.
Escora o corpo na parede, vira o rosto pro lado e adianta: disseram por aí, eu também, confesso, que na maioria das vezes em que me perdi, que me lancei ao nada do amor, eu sempre procurei me segurar em algum galho que me mantivesse à margem, pronto pra sair a qualquer momento que quisesse. E assim eu fui, e assim tentei ser com você que não me deixou saída, que me fez pular de cabeça nesse rio torto. Chega mais perto, passa as mãos no cabelo dela, respira fundo e se deixa levar. Olha, na vida, desde criança eu fui atrás das coisas que eu queria, do meu dinheiro pra fazer minhas loucuras, das festas mais interessantes, das garotas mais bonitas e, engraçado, deu tudo certo. Foi divertido. Mas passou.
Hoje - emenda - eu queria ir pra margem, parar de nadar contra a corrente, te esquecer. Fazer como sempre fiz: tentar - conseguir - perder a graça. Não dá. Eu olho pra você e dá vontade de gritar pro mundo inteiro ouvir que eu te quero, que eu te amo, que a gente foi feito um pro outro e não adianta alguém vir e dizer que eu vou te deixar de lado algum dia, que uma hora isso passa. Não dá. Tá claro. Eu te amo demais.
Então ele abaixou a cabeça, ela não. E enquanto ele olhava profundamente o chão ela passou os dedos pelo seu rosto, puxou sua face de encontro a dela e o beijou. Ali eles foram pra sempre.

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