quinta-feira, 24 de abril de 2014

De passagem.



Sempre que passo por você eu fico pensando baixinho: você ainda vai ser minha. Mas entenda, não é minha por ser minha, minha por pura possessão. Minha pra ficar andando de mãos dadas no shopping, minha pra assistir um filme bobo na mais chata das chatas quartas feiras. Minha pra contar o que aconteceu no meu dia. Meu ouvido, minha boca, meu outro corpo.

Enquanto isso vou falando nas entrelinhas pra ver se você me entende e te ligo pra contar as coisas mais sem sentido que eu possa inventar. Dizer por exemplo como são interessantes as árvores do cerrado e o céu de Brasília. Você quase sempre, do outro lado, se perguntando por que ter me atendido as duas da manhã só pra ouvir como são belas as andorinhas as seis da tarde. Mas não me canso e insisto em te provar que sempre há algo mais nestas palavras roucas.

Sempre que passo por você eu me desfaço, é fato. E vou passando o resto do meu dia tentando recompor os meus pedaços. Andando de um lado para o outro esperando você me trazer o tanto que ficou em você, meu tempo e calendário, meu sorriso e minha paz. Olhando pela janela pra alcançar qualquer pouco de você pelas ruas. Eu me rendo, já me rendi e você sabe.

Sempre que passo por você é sempre a mesma história - um relicário de sensações que não se decifram, um misto de loucura com jasmim. E não há outro caminho ou passagem, sou obrigado a me perder no infinito doce do seu olhar todo santo dia. E agradeço a Deus por isso. Não me vejo assim faz tanto tempo que eu prefiro mil vezes estar completamente perdido por você do que encontrado em qualquer outro lugar.

Sempre que passo por você, doce, dulcíssima moça, também me deixo. Não existe outra forma de seguir em frente. O que há é também fixação. Vem um pouco de ti e fica um tanto de mim.

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