Nunca tive um motivo sequer pra dizer as coisas que te disse outro dia, de me revelar agora tão tarde -ei, eu gosto de você apesar de todos esses anos..- logo agora que tudo parecia perfeito, onde a sua presença ausente compunha tão bem como um Lichtenstein na parede do meu quarto. E mesmo que cada vírgula, cada espaço e cada respiração ofegante tenham sido de verdade, foi precipitado. Nesse momento as coisas parecem meio bambas e fora do esquadro e sem simetria justamente como eram antes de tudo ter sido revelado. Por isso nunca tive um motivo pra dizer que gosto tanto de você. Assim, só assim, gosto tanto.
E, me perguntam alucinados, se toda esta falta de motivo acabasse na falta de amor? Não sei. Provável que sim e que daqui alguns séculos eu não me lembre mais de como você sorri levando a mão perto da boca, contida, um sorriso bomba atômica prestes a explodir numa gargalhada infindável. Provável que daqui algumas gerações eu me esqueça que sua pele combina tanto com a minha. Ou pode ser que, mesmo daqui a pouco, eu possa me apaixonar ainda mais por esses olhinhos que contam tantas histórias. Não sei. Por isso nunca tive um bom motivo pra dizer que gosto de você. E eu gosto tanto.
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