segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Você não deve saber.



Nunca tive um bom motivo pra dizer que gosto de você. Suas fotos no facebook, na real, me dão até uma certa raivinha de como você pode ser assim tão feliz sem mim, uma vontade incontrolável de nunca mais entrar em contato imediato com essa saudade que quase sempre se resume em vinho barato, Strokes e solidão. Nunca tive um motivo claro ou algo oficial que me coçassem os dedos pra pegar o telefone e te ligar às três e meia da madrugada pra contar como estão as coisas que você, mesmo sem querer, deixou em mim; não gosto de ficar sempre explicando aquele sorriso bobo toda santa vez que eu me pego pensando em como tudo seria diferente se eu ainda pudesse ficar aí. Nunca tive um bom motivo pra dizer que gosto de você. Por isso gosto tanto.

Nunca tive um motivo sequer pra dizer as coisas que te disse outro dia, de me revelar agora tão tarde -ei, eu gosto de você apesar de todos esses anos..- logo agora que tudo parecia perfeito, onde a sua presença ausente compunha tão bem como um Lichtenstein na parede do meu quarto. E mesmo que cada vírgula, cada espaço e cada respiração ofegante tenham sido de verdade, foi precipitado. Nesse momento as coisas parecem meio bambas e fora do esquadro e sem simetria justamente como eram antes de tudo ter sido revelado. Por isso nunca tive um motivo pra dizer que gosto tanto de você. Assim, só assim, gosto tanto.

E, me perguntam alucinados, se toda esta falta de motivo acabasse na falta de amor? Não sei. Provável que sim e que daqui alguns séculos eu não me lembre mais de como você sorri levando a mão perto da boca, contida, um sorriso bomba atômica prestes a explodir numa gargalhada infindável. Provável que daqui algumas gerações eu me esqueça que sua pele combina tanto com a minha. Ou pode ser que, mesmo daqui a pouco, eu possa me apaixonar ainda mais por esses olhinhos que contam tantas histórias. Não sei. Por isso nunca tive um bom motivo pra dizer que gosto de você. E eu gosto tanto.




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