segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Tudo o que quiser agora.


Você precisa ir agora, tem um táxi te esperando lá embaixo. Não quero mais brigar, desculpa, não é omissão da minha parte ou qualquer coisa assim, eu só não estou mais afim de dizer coisas que você, provavelmente, não está interessada em ouvir e eu muito menos com paciência de sentir as palavras que diz entrando por um ouvido e saindo pelo outro. Pegue suas coisas.

Já chamei o elevador e pus entre suas roupas os retratos que tiramos juntos, faça o que quiser com eles. Imagino que talvez você possa aproveitar as molduras para enquadrar um novo amor. A gente não dá mais, sem problemas ou afetações. Mas, se quiser, pode ficar para um último café.

Quer saber? Não vá assim tão depressa, taxistas sempre podem esperar um pouco mais. Senta aqui e vamos conversar. Olha, eu nunca quis te magoar e tenho certeza que essa nunca foi sua intenção também. Pode ficar com a samambaia. E a cafeteira. Calma, pode deixar que eu seguro suas malas enquanto você ainda estiver por aqui.

Nunca fui bom com as palavras e me desculpa se eu não me sair assim tão bem como aqueles mocinhos dos filmes que você assiste, mas você vai fazer uma puta falta aqui pra este apartamento. Pra esse vazio que vai ficar entre o encosto do sofá e eu. Pra mim e pra tudo que ainda sobrou. Uma falta imensa por que tudo em você é completude. E é isso que me irrita. E me faz amar você por tudo.

Fica. Eu menti sobre o táxi. E sobre o elevador. E sobre não querer ver nunca mais essa cara linda me acordando pra dizer que está começando um programa bobo na televisão. Fica por que eu não saberia mais me reconhecer no espelho sem o brilho nos olhos que você me proporciona. Fica por que eu vou mudar. Eu mudo tudo o que você quiser e prometo regar a samambaia de três em três dias. Fica por que eu te amo. Você não precisa ir agora.


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